quarta-feira, 24 de julho de 2019

Encurralado em uma Sociedade Criminosa


Nota (de) Falecimento.
Teve abreviada sua existência esse menino preto e pobre, dizem que foi em uma festa, uma "chacrinha". Após uma briga, ele jurado não arredou pé, aguardou seu algoz, outro menino preto como ele, que voltou armado ao baile e consumou o ato. O menino assassinado na iminência da morte tentou se esconder na casa local, mas logo se percebeu encurralado.
Choro à perda, mas choro mais nossa miséria civilizatória, eu aqui pensando em Ubuntu* e os meninos pretos encurralados. Um país que tem o nome de uma árvore mas que no fundo é só a marca da violência colonizatória que sofreu. A mesma violência que o estrutura e garante a manutenção dos privilégios, os inocentes privilegiados por sua vez asneiram "não foi minha culpa, quando eu cheguei já estava assim.." e portanto não fazem nada para mudar. Assim segue essa "sociedade" brasileira criminosa, seu crime, Mano Brow e tantas outras vozes sempre denunciaram: OMISSÃO. O que fodx é o silêncio dos "bons" King Jr.
Ser menino, preto e pobre nela é um problemão, isso sem falar nas mulheres, que não ousarei aqui de maneira insensível, ocupar este lugar de fala, diante de uma mulher preta me vale apenas silenciar e a escutar, isso desde minha avó.
O machismo esvazia o sentido de ser homem e isso é extremado nas periferias, devido à condição de descaso, desproteções e violências que o Estado condiciona àqueles que lá habitam, ser homem se resume à não expor seus sentimentos, violentar mulheres e "não levar desaforo pra casa".
O racismo marca corpos e cria no imaginário social o monstro.
Quando era mais moço as mulheres trocavam de calçada quando me viam na rua, puxavam suas bolsas, seus filhos.. até hoje o fazem.. Eu me sentia um monstro e queria tentar dizer que não o era, passei bastante tempo da minha vida tentando "de-monstrar" e me incluir nessa sociedade criminosa, depois de um tempo percebi que não adiantava o que eu fizesse não iria desconstruir isso, me fazia bem então apenas falar sobre em espaços aquilombados, era curativo.
A pobreza é um crime na sociedade criminosa e fada à rejeição, higienização, confinamento e exclusão.
Nesse chão tupiniquim cheio de sangue o menino que tão breve nos deixou, seu algoz e..
Todo menino preto e pobre está encurralado.
*http://www.ubuntu-eba.ufba.br/  
Foto: Cláudia Roberta Emidio

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

"Imacula(u)da"

Receio macular tão alva lauda que se impõe a minha frente
Reluto (não) manchá-la com tinta febril e mundana que (des)corre à ponta da caneta, represá-la-ei
Absolvo o punho e liberto a folha enquanto aprisiono tudo dentro de mim
Que bobo!? A tinta virou lágrima que (des)corre à ponta dos olhos
Olhar marejado e papel molhado, 
Eu macula(u)do, ela imacula(u)da.

Atestado à Loucura

Na doença dos dias que acomete a patologia da vida

Eu me atesto à loucura

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Da ponta ao ponto

Escrevo meio desapontado com traço grosso quase um borrão
Sobre a vida que desponta em rabiscos frescos todos os dias
Ela mesma quem me aponta e desaponta enquanto (des)escreve o Caminho

E guarda aqueles que a seguram firme enquanto escrevem, leem e corrigem suas histórias para que não percam a mão

domingo, 14 de agosto de 2016

Encerrar-se em Prece


Fechei os olhos e esperei até que tudo se aquietasse
Até que todos os sons se silenciassem
Até que todas as vozes do coração se calassem

Cerrei os lábios e esperei até que não viessem mais palavras à boca
Até que os ventos parassem de incomodar os olhos
Até que as mãos outrora irrequietas não tivessem mais a intenção de se mexer

 

Segui absorto coração adentro
“Tantos lugares que poderia estar agora...”
“Quantas pessoas que gostaria de ver”
Pensei, pensei e então esperei até que não pensasse em mais nada
E bastasse apenas estar ali, dentro de mim




E ao descortinar desse silêncio cabal encontrei Paz!

terça-feira, 26 de julho de 2016

Antes de julgar

“A tradição é a fé viva do morto; o tradicionalismo é a fé morta do vivo”.

Jaroslav Pelikan 

quinta-feira, 19 de maio de 2016

"Garbo" Gabo



“Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência;
que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente
quando na verdade sou desconóado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não
sucumbir às minhas raivas reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba que pouco
me importa o tempo alheio.”

Gabriel Garcia Marquéz em Memórias de Minhas Putas Tristes

quarta-feira, 18 de maio de 2016

SimpliCIDADE



Hó Senhor me dê uma vida simples e reta como uma flauta de bambu para que possa enchê-la de música.